A qualidade do sono pode definir sua personalidade e interferir na duração da sua vida
A qualidade do sono pode definir sua personalidade e interferir diretamente na duração da sua vida. É o que diz um estudo da Science Direct. Segundo esse estudo, além de influenciar em questões ligadas a problemas cardiovasculares e imunológicos, o sono também é capaz de alterar a personalidade de um indivíduo.
Um estudo detalhado sobre o sono e seus efeitos
Ao coletar informações sobre sono, personalidade e estado de saúde de 4 mil pessoas, que responderam a vários questionários entre 1994 e 2006, a pesquisa associou a qualidade do sono e os traços de personalidade conhecidos na psicologia como Big Five. São eles: neuroticismo (ou instabilidade emocional), extroversão, sociabilidade, escrupulosidade (que mede a autodisciplina) e abertura para novas experiências.
Um dado preocupante apontou que as pessoas que dormem pouco (menos de 6 horas por noite) ou demais (mais de 8 horas), tinham uma probabilidade maior de ter falecido desde a coleta das informações. Já o neuroticismo, foi associado com um sono de baixa qualidade. Pessoas com baixa autodisciplina também tendem a dormir mal, já que têm dificuldades em estabelecer uma rotina.
Entretanto, pessoas com um traço neurótico forte – ou seja, muito instáveis emocionalmente – dormiam demais ou muito pouco.
A pequena procura por tratamento
A maioria dos distúrbios do sono não é detectada e tratada porque, em geral, as pessoas desconhecem que essa condição é clínica e tratável. Talvez em função desse desconhecimento, o paciente também deixa de relatar problemas de sono durante as consultas médicas, dificultando o acesso do profissional às informações que permitiriam o diagnóstico e o tratamento (Roth et al., 2002). Ohayon e Hong (2002) relataram que apenas 6,8% de uma amostra estudada na Coréia do Sul buscaram assistência médica para tratar suas dificuldades com o sono.
As consequências
As consequências dos distúrbios do sono envolvem questões econômicas e de saúde, como o aumento de hospitalizações, do absenteísmo (faltar com frequência) no trabalho, de riscos de acidentes de trânsito e de desenvolvimento de distúrbios mentais (Ohayon & Smirne, 2002). Roberts, Roberts e Chen (2001, 2002) encontraram entre jovens com problemas de sono, comparados com seus pares com sono normal, maior incidência de depressão, ansiedade, irritabilidade, medo, raiva, tensão, instabilidade emocional, desatenção, problemas de conduta, uso de álcool e de outras drogas, ideação ou tentativa de suicídio, fadiga, falta de energia, dores de cabeça e de estômago e pior saúde. Em estudo semelhante, Roth et al. (2002) encontraram relatos de saúde precária, menos energia e pior funcionamento cognitivo entre portadores de distúrbios do sono quando comparados a pessoas com sono normal. Em geral, os estudos têm encontrado associação dos distúrbios do sono com problemas de saúde, funcionamento diário e bem-estar.
Distúrbios do sono também estão associados ao desencadeamento de transtornos psiquiátricos como depressão, frequente entre portadores de insônia e de outros distúrbios do sono (Ancoli-Israel, 2006; Hublin, Kaprio, Partinen & Koskenvuo, 2001; Morawetz, 2003; Rocha et al., 2002b; Walsh, 2004).
Ohayon e Hong (2002) encontraram, entre pessoas com insônia, queixas de distúrbios respiratórios, de doenças cardíacas, insatisfação com a vida social, rebaixamento do funcionamento diário, doenças psiquiátricas, estilo de vida estressante e doenças físicas acompanhadas ou não de dor. Vicent e Walker (2000) verificaram que a preocupação excessiva com erros e precisão, excesso de ordem e organização, padrões e expectativas muito altos favoreciam o surgimento ou a piora da insônia, aumentavam a latência e reduziam o tempo do sono noturno. Os autores encontraram ainda maior preocupação com a possibilidade de erros e mais dúvidas sobre suas ações entre pessoas perfeccionistas insones.