Ratas inférteis engravidam com ajuda de impressora 3d. Será que a técnica pode ser usada em mulheres?
É interessante saber que problemas de fertilidade atingem várias mulheres no mundo inteiro. Vários estudos e experiências estão sendo feitos com a finalidade de ajudar quem tem dificuldade para engravidar. Nessa linha, uma experiência recente muito curiosa chamou a atenção. Um ovário criado em impressora 3D fez animais inférteis engravidarem e abriu precedente para várias outras descobertas. Vamos entender melhor?
A prótese, feita de gelatina, foi bem aceita pelo organismo de ratas tratadas. Será que, no futuro, isso resolverá problemas de fertilidade feminino?
A experiência
Três ratinhas de laboratório com problemas de fertilidade deram à luz a filhotes saudáveis após terem seus ovários substituídos por um versão sintética do órgão, feita em uma impressora 3D. O corpo das fêmeas assumiu o comando da estrutura artificial em uma semana, e passou a usá-la para abrigar e liberar os óvulos no ritmo certo – restabelecendo, assim, a saúde reprodutiva e hormonal dos animais. Muito curioso, né?
“Nossa esperança é de que essa bioprótese seja o ovário do futuro”, afirmou ao jornal britânico The Guardian Teresa Woodruff, pesquisadora da Universidade Northwestern, em Chicago, nos EUA. “O objetivo do projeto é restaurar a fertilidade e saúde hormonal de pacientes de câncer jovens que foram esterilizadas pelo tratamento.”
Hoje em dia, mulheres que se tornam inférteis antes da primeira menstruação por problemas de saúde precisam tomar doses elevadas de hormônio para manterem o ritmo de desenvolvimento do corpo durante a puberdade.
Entenda como funciona
Sabe aquelas caixas de ovos de galinha, de papelão, vendidas nos mercados? Um ovário real é muito parecido em alguns aspectos.
Ele tem reentrâncias arredondadas: uma superfície forrada em que os óvulos que ainda não estão maduros se desenvolvem e aguardam sua hora de descer para uma possível fecundação.
O ovário sabe a hora certa de soltar um óvulo maduro ao receber um comando hormonal específico – se há um problema no mecanismo de liberação, o resultado será a infertilidade.
O implante de ovário artificial é feito de gelatina com alto teor de água, e lembra um plástico bolha na aparência. A amostra (que você pode ver na ponta da pinça, na foto abaixo) tem só quatro ou cinco milímetros, e embora isso não seja visível a olho nu, está repleta de reentrâncias que funcionam da mesma maneira que as do ovário real.
Ao perceber que agora há um implante capaz de fazer o que o ovário não fazia, o corpo da fêmea assume o comando da gelatina e passa a usá-la. Esse processo de apropriação da prótese envolve inclusive sua vascularização – ou seja, vasos sanguíneos passam a irrigar a superfície artificial e nutrir os óvulos.
Possibilidades
A substituição do ovário real por uma versão de laboratório biodegradável feita de colágeno e água é um bom jeito de evitar que o organismo rejeite o implante – inflamações são comuns quando peças de metal ou plástico são inseridas em partes delicadas do corpo.
Nos últimos anos, próteses de ovário com o mesmo princípio já haviam sido testadas com sucesso. Mas elas eram fabricadas manualmente, e portanto, menos precisas. Com a impressora, foi possível controlar o ângulo entre os filetes de gelatina que compõe a trama – o que muda a aderência dos óvulos e, por consequência, a eficácia do tratamento. Isso abre oportunidades para experimentos em várias outras partes do corpo.
Um princípio parecido foi usado na semana passada por uma pesquisadora colombiana, que criou uma prótese de retina não-invasiva usando água e proteínas presentes nos tecidos fotossensíveis do olho humano. O material é muito mais bem recebido pelo organismo que as câmeras de metal usadas anteriormente.
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Por Bruno Vaiano, da Superinteressante e informações da Saúde Abril.
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