Inteligência artificial é utilizada para treinamento e análise em diversos esportes
Nos últimos 20 anos, a aplicação do uso da inteligência artificial nos esportes tomou grandes proporções, tanto para o campo das estatísticas quanto para a área de treinamento, o que criou a necessidade de quantificar inúmeros elementos que envolvem o cenário esportivo.
Diversas instituições do esporte de alto nível estão coletando e utilizando cada vez mais os dados individuais e coletivos dos atletas no dia a dia, com novas tecnologias avançadas e metodologias de trabalho inovadoras que ajudam desde melhorar a performance de atletas até a criação de vídeos impressionantes.
Participação da inteligência artificial no esporte coletivo
No esporte coletivo contemporâneo, à medida que as administrações dos clubes procuram obter todas as vantagens competitivas possíveis, os profissionais precisam analisar um alto número de dados relativos ao desempenho individual e coletivo que vão além das simples estatísticas, como chutes a gol, passes certos ou bolas perdidas.
Para ir além do senso comum, atualmente os clubes com boa estrutura contam com o apoio de diferentes softwares, que conseguem simular situações de jogo, indicar brechas para serem exploradas nos adversários e até mesmo a tomar decisão táticas.
Um dos principais é o time de futebol do Flamengo. O clube carioca foi a primeira equipe do futebol latino-americano a utilizar o Sports One, um conjunto de softwares que ajuda a tomar decisões táticas com base na coleta e análise de dados.
“É possível misturar informações sobre as condições fisiológicas e médicas do atleta para obter novas visões (de jogo). Dá para ver como um jogador atua até de acordo com variáveis como temperatura e umidade (no dia e local da partida)”, disse Luiz Filipe Teixeira, vice-presidente de administração e tecnologia da informação do Flamengo, para o portal Valor Econômico.
O Sports One foi criado para o clube alemão Hoffenheim em 2013 e ganhou muita popularidade desde então. Grandes clubes do futebol europeu como Bayern de Munique, Manchester City, Borussia Dortmund, além de algumas seleções, utilizam essa tecnologia para se destacaram no mundo competitivo do futebol.
Modalidades individuais
Em esportes individuais, como no tênis e no poker, a inteligência artificial também tem tido participação importante na análise de desempenho e coleta de dados dos atletas, elevando o nível de patamar, profissionalismo e entretenimento de ambos.
A começar pelo poker, o primeiro projeto de inteligência artificial de impacto desse esporte da mente foi elaborado nos anos 1960 pelo cientista da computação Nicolas Findler.
Findler criou alguns programas de poker e os divulgou em jornais científicos da época, sendo uma figura de muita importância para o desenvolvimento de novas ferramentas do setor que viriam a surgir nas décadas seguintes.
Em 2017, um grupo de pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon (Pensilvânia, EUA) foi além dos estudos de Findler e criou um programa chamado Libratus. No mesmo ano, esse programa foi capaz de derrotar quatro competidores profissionais de poker em uma partida.
Hoje em dia, os avanços foram tamanhos que diversos softwares de poker proprietários já estão sendo utilizados por atletas profissionais e entusiastas para treinamento de performance.
No tênis, a empresa de informática IBM e a organização do Torneio de Wimbledon, um dos principais eventos desse esporte, desenvolveram um sistema que usa mecanismos de inteligência artificial que é capaz de detectar as emoções dos jogadores e editar vídeos muito mais emocionantes.
Baseado no Watson, sua poderosa ferramenta de inteligência artificial, a IBM analisa vários parâmetros durante os jogos, incluindo o nível de barulho emitido pelos espectadores, dados sobre a partida e as reações dos jogadores por trás dos pontos.
“Nem todos os destaques durante uma partida de tênis são iguais, por exemplo, um favorito do público pode gerar mais emoção do que um oponente menos popular, mas igualmente qualificado. Como um sistema de aprendizado, o Watson foi ensinado a reconhecer melhor a acústica e entender a atmosfera aumentando a qualidade de sua análise”, explica a IBM em um comunicado oficial sobre a parceria com Wimbledon.
Além de operar nas principais quadras de Wimbledon, todo conteúdo e análise gerado pelo Watson são carregados automaticamente para o site oficial do torneio britânico, além de plataformas como o Messenger do Facebook, que também já tem seu próprio sistema de inteligência artificial.
Com a participação de grandes empresas na criação de novas tecnologias e a adesão de várias agremiações e atletas à diferentes formas de inteligência artificial, não há dúvidas de que essa tecnologia continuará a contribuir para o desenvolvimento e aprimoramento do esporte em larga escala nas próximas décadas.