Estudo aponta que ‘Grey’s Anatomy’ mata mais que a vida real
É interessante saber que Grey’s Anatomy é uma série de sucesso inquestionável, que começou em 27 de março 2005 e está sendo filmada até hoje. Uma trama cheia de romances, confusões, desafios e drama é amarrada com muita habilidade à rotina médica movimentada dos protagonistas. A série, que possui milhares de fãs no Brasil é produzida pela ABC (American Broadcasting Company).
Mas uma pesquisa mostrou que a série mata mais do que a vida real em uma clínica médica. Vamos entender melhor?
Mesmo com o enorme sucesso e inspirando muitos jovens a seguirem a carreira médica, a série está longe de representar a realidade de um hospital.
Pesquisadores do St. Joseph’s Hospital, no Arizona, Estados Unidos, publicaram um artigo que mostra como a produção da ABC passa uma impressão errada sobre doenças, a mortalidade e a recuperação de pacientes reais. Para criar o estudo, os cientistas maratonaram (assim como os fãs das séries fazem) 269 episódios (da 1ª a 12ª temporada) e compararam os diagnósticos fictícios de 290 personagens com as informações do Banco Nacional de Dados sobre Trauma dos Estados Unidos acerca de 4.812 pacientes.
O resultado
O artigo concluiu que existe uma espantosa taxa de mortalidade na TV em relação aos hospitais norte-americanos: 22% das das personagens morrem na série, enquanto na vida real apenas 7% dos pacientes tiveram o mesmo destino. A quantidade de óbitos em Grey’s Anatomy é três vezes maior do que a de hospitais. Será que algo mudaria se comparássemos com o SUS no Brasil?
Na série, 71% dos pacientes fictícios foram direto da sala de emergência para o centro cirúrgico. Na realidade, apenas um quarto das pessoas passam por isso. No Brasil, as pessoas morrem na fila.
Quando o assunto são os casos graves, metade dos personagens permaneceram por menos de uma semana no hospital. A vida real é menos milagrosa: somente 20% dos pacientes em estado grave ficam menos de sete dias internados.
Enquanto a série exagera em alguns pontos, é discreta em outros: apenas 6% dos personagens foram transferidos para uma unidade de cuidado de longa duração, ao passo que nos hospitais a taxa é de 22%.
Segundo os pesquisadores, esse retrato equivocado do dia a dia de um hospital acaba construindo expectativas elevadas em pacientes e seus familiares. A quebra dessa expectativa se reverte numa maior insatisfação dos pacientes com o serviço.
Confira o artigo publicado na revista Trauma Surgery & Acute Care Open.
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Sinto muito em dizer para os aspirantes a médicos que, na vida real, a taxa de doutores bonitões, pegação entre internos e cenas de salvamentos cinematográficos são bem menores. Mesmo assim a profissão é gratificante, paga bem em alguns casos e salvar uma vida gera uma sensação indescritível.
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