Michelangelo não queria pintar o teto da Capela Sistina mas fez um trabalho magnífico
É interessante saber que, inicialmente, Michelangelo não queria pintar o teto da Capela Sistina por dois motivos curiosos: primeiro porque ele considerava a pintura uma arte inferior. Sua paixão era a escultura. Em segundo lugar, porque ele não gostava do Papa Júlio II, que fez a encomenda. Mas em alguns momentos o orgulho fala mais alto. Em 1505, Michelangelo se envolveu com a construção de um túmulo papal e ficou oito meses na cidade de Carrara, famosa por seus mármores, selecionando pedras para a obra. Só que outro escultor, Bramante (1444-1514) caiu nas graças da Igreja e assumiu o projeto. Contrariado, Michelangelo topou decorar a Sistina para provar a todos do que era capaz. E como era capaz!
A revista Aventuras na História compilou alguns fatos interessantes sobre a produção dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina. As ilustrações são de Sattu.
Antes de mais nada, é importante explicarmos como funciona a técnica do afresco. Neste estilo, a pintura é feita sobre uma argamassa de cal e areia. Dá para imaginar como esse tipo de trabalho seca rápido e, por isso, antes de botar a mão na massa o italiano teve de estudar bastante quais imagens planejava recriar. O trabalho completo levou quatro anos, de 1508 a 1512 – mas tornou-se uma das mais importantes obras-primas da história e é, hoje, uma das maiores atrações do Vaticano.
Curiosidades ilustradas
1 – É como a Bíblia em quadrinhos
Uma das provas da genialidade de Michelangelo foi decidir cobrir os 680 m² do teto da capela com uma única composição de várias cenas do Antigo Testamento, da Bíblia. Estão lá a criação do homem, a expulsão do Jardim do Éden e o dilúvio. Uma obra impressionante!
2 – Mãos firmes foram necessárias
A técnica do afresco é antiga e resiste bem ao tempo. Antes de receber a tinta, a superfície é preparada com uma argamassa de cal queimada e areia umedecida (daí a origem do nome). Ela seca rápido, o que exige pinceladas precisas e bem planejadas.
3 – Nariz empinado (não no sentido que você imagina)
Muitas vezes, o artista trabalhava deitado. Mas, na maior parte do tempo, ficava de pé olhando para cima, o que lhe rendeu muitas dores. Meses após o serviço, tinha dificuldade em baixar a cabeça para ler. Precisava colocar o texto acima dos olhos.
4 – Passando por cima de tudo
Assim que Michelangelo chegou, a Capela Sistina já tinha pinturas feitas por outros grandes nomes da época, realizadas entre 1481 e 1483. Com seus retratos bíblicos, ele cobriu um céu estrelado assinado por Píer Matteo d’Almelia. Corajoso, não?
5 – Invejosos sempre tentam derrubar um grande talento
O tamanho do teto era tão impressionante (680 m²), que Ascanio Condivi, aprendiz e biógrafo de Michelangelo, chegou a escrever que o convite para a tarefa havia sido feito por rivais de seu mestre que torciam, claro, para que ele não conseguisse cumprir a missão. Será?
6 – Ajuda mínima
Michelangelo recusou ajuda na pintura. Aceitou pouquíssimos aprendizes, que faziam toda a parte “burocrática”: montavam andaimes, preparavam pigmentos, limpavam pincéis e ampliavam os originais que o gênio desenhava em menor escala.
Existe alguma dúvida da importância e grandiosidade desse trabalho? Um grande mestre em um dos templos religiosos mais importantes do mundo!